Acabou na semana passada o SXSW, o maior evento sobre inovação, criatividade, interatividade e tendências do mundo. Diante de uma multidão de profissionais de comunicação, artistas, cineastas, cientistas, programadores, executivos e interessados pelos temas, diversas foram as palestras e ativações que evidenciavam visões sobre o presente e o futuro.
O Hub Insights traz neste mês de março esta edição especial para comentar, em poucas linhas, algumas das principais discussões que ocorreram na cidade de Austin, Texas e o que elas apontam para a nossa comunicação.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL EM TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO
Não existiu outra discussão mais presente no SXSW do que a Inteligência Artificial (IA). Eleita a tecnologia do ano que irá mudar a humanidade pela MIT, a IA também provocou debates sobre os seus limites éticos, a influência na criatividade, os medos que inspiram nas pessoas, os mais diversos usos nas mais diversas indústrias e como tem o poder para transformar a cultura e o comportamento.
OLHA, ISSO É INTERESSANTE…
Para onde se olha, IA está de alguma maneira ali, influenciando a conversa. Este será um assunto do qual não poderemos escapar em 2024, o que traz algumas perguntas para os nossos negócios: estamos preparados para ela? Nossos colaboradores já conhecem as ferramentas e seus limites? Como pode melhorar a nossa produtividade? O que ela não pode fazer?
PORÉM…
Não achamos que a febre sobre o tema é passageira, mas estamos, sim, falando de um instante em que vivemos uma febre. E em momentos como este, não é incomum algum grau de desespero para não ficar para trás – o que geralmente gera investimentos equivocados. Ainda há tempo para estudar e planejar como IA vai ser incorporada aos negócios com calma.
A ERA DAS MÍDIAS SOCIAIS CHEGOU AO FIM. E O QUE VEM AÍ É A ERA DA CULTURA?
Não é algo relacionado a um acontecimento ou outro, mas a uma mudança substancial de como consumimos conteúdo. É claro que a “morte” do Twitter (que virou X e continua perdendo usuários) ajuda a marcar o momento – foi eleita pelo MIT a 10ª principal mudança tecnológica do ano. Mas não se pode tirar da conta a maneira como se usa TikTok, Instagram, redes mais nichadas e grupos privados em mensageiros. Nas palavras do MIT: “a praça pública deu lugar a salas fechadas e privadas”.
OLHA, ISSO É INTERESSANTE…
Uma visão possível sobre o que vem por aí é a Era da Cultura, termo cunhado por John Dempsey, da Wieden+Kennedy, e Krystle Watler, do TikTok. O conteúdo ligado a interesses pessoais, a curadoria por algoritmos e a atenção cada vez mais dispersa indicam que o caminho para se comunicar passa por deixar de lado as mensagens e guides engessados das empresas para abraçar a linguagem, o formato, a cocriação com influenciadores e o entretenimento buscado nas redes.
PORÉM…
É cedo para afirmar o que vai acontecer depois da era das mídias sociais porque não sabemos com certeza quais as plataformas vão existir nos próximos anos, entre apostas (como Threads e BlueSky), equívocos (não faz muito tempo que o assunto era metaverso) e mudanças culturais e políticas (TikTok especialmente em risco nos EUA). Continuemos atentos, é claro.
EM MEIO A TANTA TECNOLOGIA, O QUE É GENUINAMENTE HUMANO MOSTRA VALOR.
Algoritmos que nos soterram com informações, decisões das mais variadas que precisamos tomar sobre o que consumir, o que vestir, o que comer e o que priorizar e agora ainda surge a Inteligência Artificial, reinventam a Realidade Aumentada… Mas há uma questão central aqui: comunicação ainda é feita para humanos. E discussões sobre como contamos histórias que se conectam às pessoas e sobre como nos relacionamos também estiveram presentes – com muito destaque – nos palcos do SXSW.
OLHA, ISSO É INTERESSANTE…
Para qualquer futurologia que transformará a humanidade em expectadores passivos de um mundo criado por máquinas, haverá resistência e oportunidade para criatividade genuína. Nas palavras de Daniel Kwan, um dos criadores do aclamado “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” (ao qual já fizemos referência neste Hub Insights): “Toda história que criamos é um ato de defesa de nós mesmos e de nosso valor contra um sistema que quer o tempo todo nos desvalorizar.”
PORÉM…
Criatividade genuinamente humana requer tempo para distanciar-se do barulho de coisas menos importantes, observar o que importa e tem valor, ter um processo que encontre insights e ideias poderosas que ainda precisarão ser desenhadas e executadas. Estamos dedicando este tempo para as nossas equipes no dia-a-dia?
