Por ser uma edição publicada logo após o término do maior festival de inovação do planeta – o SXSW – não há como não fazer um apanhado das principais discussões que percorreram os palcos e encontros na capital do Texas.
Contudo, esta edição do HUBINSIGHTS não fará apenas um resumo das discussões em Austin. É também olhar para o nosso país: o futurismo discutido lá vale para nós?
Boa leitura!
2025 REPETE 2024: INTELIGÊNCIA ARTIFICIALE A PROCURA PORCONEXÕES REAIS
Se você pegasse um resumo do que foi o SXSW do ano passado e pedisse para uma Inteligência Artificial (IA) transformar o conteúdo em uma cartela de bingo, você gritaria o nome do jogo a plenos pulmões pelas ruas de Austin. Muitas discussões sobre IA, a necessidade de conexões e relações mais humanas e uma sensação de que, no fundo, não havia grandes novidades. A diferença se dá pelo tom: enquanto 2024 foi um ano para a especulação de virtudes e problemas a serem enfrentados, 2025 traz exemplos múltiplos de uso de IA e alertas para a regulamentação e ampliação dos debates sobre o combate à solidão – o novo mal do século.
OLHA, ISTO É INTERESSANTE
A tecnologia avança e os bons exemplos de uso se tornam mais aplicáveis às mais diferentes empresas e indústrias. Cada vez mais especializadas, contando com a evolução de agentes e modelos, vamos continuar usando e discutindo IA por um bom tempo.
PORÉM…
Há uma abordagem mais madura sobre a tecnologia resolver questões da humanidade. Se não há mais um ar tão esperançoso – há problemas novos e os anteriores ainda a serem resolvidos – sobram reflexões e abordagens com papéis para todos: governos, empresas e sociedade.
O FUTURO COMO ARMA PELO OTIMISMO
Para além de falar muito sobre IA neste ano, um trunfo das edições do SXSW e suas diversas trilhas é o de abrir discussões e opções para as mais diferentes visões de futuro. Lançam-se olhares para a exploração espacial (de telescópios avançados à nova missão à Lua), o desenvolvimento sustentável, a recuperação de ecossistemas. Também há visibilidade para como resolver pontos sobre discussões mais fervorosas de hoje: o que fazer diante de tanta desinformação, como usar novas tecnologias contra as mudanças climáticas. Por fim, há um palco aberto para inovações de todos os cantos do mundo, inclusive de empresas brasileiras que se destacaram entre as diversas ativações paralelas do evento. Não há como negar: uma ida ao SXSW pode encher qualquer um de otimismo com o que vem por aí, indo na contramão de tantas distopias frequentemente comentadas.
OLHA, ISTO É INTERESSANTE
A premissa de continuar a trazer novidades, mesmo com desafios ao longo dos anos, movimenta legiões para Austin todos os anos.
PORÉM…
Entre as propostas e a prática ampla e disseminada, há uma grande distância. Estar no SXSW não significa caminho é certeiro, até porque existem ali mesmo discordâncias, outras opções.
O MELHOR DA TECNOLOGIA A FAVOR DA LONGEVIDADE
Deixe de lado os gurus da vida esportiva, os produtos relacionados a wellness recomendados nas redes sociais ou as promessas ainda utópicas: a longevidade é tema de sérias investigações científicas e palco de diversos avanços. A humanidade quer viver mais e bem ao longo destes que a medicina e a ciência nos oferecem. Das terapias funcionais com células-tronco – destacadas entre as 10 inovações do ano pela MIT Technology Review – à reversão do processo de envelhecimento testado com sucesso em camundongos: a barreira dos 100 anos de idade pode estar começando a se tornar plausível para a maior parte das pessoas.
OLHA, ISTO É INTERESSANTE
Ao tomarmos como certo que as pessoas viverão mais e com saúde, há toda uma sorte de comportamentos e rituais – com seus respectivos hábitos de consumo – que poderão ter mudanças. E se a meia-idade começar aos 60 ou 70 anos, por exemplo? Os impactos seriam tremendos em diversos setores.
PORÉM…
Há preocupações sobre envelhecer agora, em que tais tecnologias ainda não estão disponíveis ou sequer estarão para a maioria das pessoas nos próximos anos. As discussões em diversos países sobre a solidão que se acentua com o avançar da idade também têm atenção nos palcos do SXSW e podem representar questões para governos e instituições.
REDES SOCIAIS À PROVA DE BILIONÁRIOS:A PROVOCAÇÃO DE JAY GRABER, DO BLUESKY
Em uma sessão disputada no SXSW, a CEO do Bluesky, Jay Graber, distribuiu alfinetadas em concorrentes – Meta e X – e traçou uma visão de futuro das redes sociais que passa pela criação de protocolos abertos para o desenvolvimento de qualquer pessoa ou empresa. O Bluesky é um projeto que nasceu dentro do Twitter para substituir o seu mecanismo de funcionamento, mas acabou tornando-se independente antes da compra da por Elon Musk. Hoje, com mais de 30 milhões de usuários no mundo, coloca-se como uma opção contra a hegemonia das redes atuais e de seus algoritmos opacos.
OLHA, ISTO É INTERESSANTE
O Bluesky não é a única iniciativa neste caminho. Já falamos anteriormente sobre ActivityPub, um protocolo que alimenta redes como Mastodon, Pixelfed e que conecta até a Threads da Meta. Mas o fator novidade e o rápido crescimento nos EUA nos últimos meses chama a atenção para a sua proposta.
PORÉM…
Por mais que tenha um bom discurso e uma boa intenção, há um desafio claro para o Bluesky: tornar-se economicamente viável, pelo menos enquanto não surge nenhum outro serviço alternativo que utilize o mesmo AT Protocol.
UMA REFLEXÃO: TUDO O QUE SEVÊ LÁ FORA VALE PARA O BRASIL?
O SXSW cresceu ao longo das últimas duas décadas. De um festival dedicado à cultura alternativa para se tornar palco de fervilhantes ideias de inovação. E então se tornar uma grande reunião de líderes de mercado estabelecidos. Anualmente, muitos brasileiros continuam a buscar inspirações e avanços – que a cada ano se tornam mais raros – para trazer para cá as novidades que abastecerão relatórios de tendências e as diversas palestras de inovação em eventos semelhantes em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Mas será que tudo o que se vende por lá vale para cá? Ou será que estamos deixando algo de lado?
OLHA, ISTO É INTERESSANTE
Uma reflexão que repercutiu bastante nos últimos dias no Linkedin aponta justamente a necessidade de olharmos um pouco mais para dentro do Brasil. Temos inovação e tecnologia aqui, em diversas praças, com as características genuinamente regionais, nacionais e sul-americanas. Eventos em outras capitais e fora dos circuitos do Sudeste brasileiro podem enriquecer a visão que temos sobre as pessoas que compõem o público com quem vamos falar.
PORÉM…
Continua sendo importante ver o que há de mais avançado em tecnologia mundo afora. Mas o desafio continuará sendo criar conexões com as pessoas do Brasil, com as questões e idiossincrasias que elas trouxerem.
