A REALIDADE É MAIS ESTRANHA QUE A FICÇÃO: HER E SCARLETT JOHANSSON X OPENAI
Alguns filmes tornam-se icônicos por apontar – ou até inspirar de fato – o que será o futuro. Aconteceu com alguns eletrônicos de 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Com os comunicadores de Star Trek inspirando celulares, algumas interfaces de Minority Report e mais recentemente com o nível de interatividade com a Inteligência Artificial (IA) proposto por Her. Este último aborda o relacionamento homem-máquina por comandos de voz.
OLHA, ISSO É INTERESSANTE…
O cenário apresentado em Her é a base de três lançamentos que geraram enorme frisson nos últimos meses: o PIN da Humane e o R1 da Rabbit são dois dispositivos que permitiriam interagir por voz com a IA para resolver tudo. E a OpenAI lançou recentemente a ChatGPT 4.o, sua versão de conversa por voz. A referência ao filme é explícita nos vídeos promocionais.
PORÉM…
A realidade é mais estranha – ou talvez mais desafiadora – que a ficção: os dois aparelhos vêm recebendo críticas acentuadas porque simplesmente não entregam o que prometeram. E a voz da ChatGPT 4.o alarmou Scarlett Johansson, que faz o papel da IA em Her e notou uma profunda semelhança entre sua voz e a versão criada pela OpenAI. Ao tornar pública uma proposta da empresa para emprestar de fato sua voz, negada pela atriz, um novo capítulo para os limites éticos em torno de direitos de imagem e autoria x IA foi aberto.
“AGORA COM IA” NEM SEMPRE TERÁ IA DE FATO.
Comentamos em edições passadas que IA é a bola da vez e que, por isso, muitos lançamentos de produtos e conceitos envolveriam ideias repaginadas, sem grandes novidades em termos de resultado, mas que funcionariam “agora com IA”. O que está no horizonte são as iniciativas em IA que não têm nenhuma IA por trás. Veja o exemplo das lojas da Amazon que prometiam um engenhoso sistema de análise dos produtos colocados na cesta ou carrinho para que o consumidor saísse da loja sem precisar passar pelo caixa para pagar: o sistema era, na verdade, 1000 funcionários na Índia acompanhando as câmeras da loja atentamente e colocando manualmente os itens na conta.
OLHA, ISSO É INTERESSANTE…
Aqui é apenas um exemplo ilustrativo de algo que estamos avaliando sempre com os nossos clientes: as coisas podem ser planejadas com um pouco mais de calma pelas empresas e pelas marcas. Procurar desesperadamente um produto “agora com IA” para chamar de seu e fazer de qualquer jeito pode terminar numa gestão de crise.
PORÉM…
Não deverá ser o último exemplo de 2024. De repente todo mundo tirou do bolso anos e anos de pesquisa em IA para lançar produtos tão rapidamente? A gente prefere não acreditar em milagres: tem muita maquiagem por aí.
O COPO MEIO CHEIO: O LADO POSITIVO DAS REDES NA TRAGÉDIA NO RIO GRANDE DO SUL
Em meio ao maior desastre enfrentado no RS, as redes sociais ferveram, para o bem e para o mal: se a onda de fake news tenta de alguma maneira fazer com que as pessoas continuem brigando umas com as outras, é preciso enaltecer as diversas campanhas de ajuda criadas por usuários, influencers, empresas e entidades. E sobretudo a visibilidade que tais ações têm ganhado com influenciadores engajados, que publicam dicas de como ajudar a população do Estado em todos os seus conteúdos.
OLHA, ISSO É INTERESSANTE..
Para um desastre sem precedentes, uma mobilização da mesma proporção. E como a nossa atenção está fragmentada diante de tantas opções de informação e entretenimento, é muito interessante ver tantos influenciadores e canais de grande alcance efetivamente se engajando.
PORÉM…
Infelizmente, o momento também mostra que a máquina de desinformação não perdoa nem em uma calamidade sem precedentes. Isto pede uma reflexão mais profunda sobre limites, regulamentações e responsabilidades de quem produz e quem permite a disseminação das fake news
